CARNAVAL
20:25 by Bruno Godinho
Onde vai, poeta, com essa fonte serifada e estrofe cheia de alegoria?
Vou para a avenida desfilar minha fantasia.
Vou para a avenida desfilar minha fantasia.
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SOFRER POR ANTECIPAÇÃO
10:00 by Bruno Godinho
Partindo desse
pressuposto, me parto e me contorço pelo que suponho que aconteceu. Ponho à
prova minha imaginação lisérgica e crio um mundo da inércia como se fora um Deus.
Pressupostos assim como preconceitos predominam prendendo-me como uma presa. Presas e pre-molares pressionam-se com pressa e pressão prejudicando minha predileção.
Preterido, não choro o leite derramado, mas derramo a minha via láctea inteira de leite fermentado por cima da real. Aí já não mais sei distinguir os anéis de Saturno com os do casamento e Mercúrio em chamas nem arde tanto quanto Mertiolate neste ferimento.
Pressupostos assim como preconceitos predominam prendendo-me como uma presa. Presas e pre-molares pressionam-se com pressa e pressão prejudicando minha predileção.
Preterido, não choro o leite derramado, mas derramo a minha via láctea inteira de leite fermentado por cima da real. Aí já não mais sei distinguir os anéis de Saturno com os do casamento e Mercúrio em chamas nem arde tanto quanto Mertiolate neste ferimento.
Tudo agora só faz sentido
para quem sente os meus cinco sentidos, mas é claro, isso é só o que pressuponho.
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Expresso do Amanhã
18:45 by Bruno Godinho
__ Amanhã? O que vai acontecer amanhã?
__ O mesmo que aconteceu hoje, só que muito melhor.
__ Então embarquemos logo no Expresso do Amanhã!
Pantufas no chão.
Gorro nos sonhos.
__ O mesmo que aconteceu hoje, só que muito melhor.
__ Então embarquemos logo no Expresso do Amanhã!
Pantufas no chão.
Gorro nos sonhos.
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FOCO
09:57 by Bruno Godinho
Flecha no alvo.
Essa é minha meta.
Se o dia me faz arqueiro.
Caneta no papel.
A noite me faz poeta.
Essa é minha meta.
Se o dia me faz arqueiro.
Caneta no papel.
A noite me faz poeta.
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CARDIOPATA
15:02 by Bruno Godinho
Será mesmo que mando em
mim
já que do meu coração não sou dono?
Arritmado inconstante acelera assim
e faz a noite perder o sono.
Tento resistir, mas ele é independente.
Ó órgão central, por que me bate tanto?
Bombeia sangue, bobeia a vida da gente
De tanto bater, apanho. De tanto apanhar, pranto.
Ainda vou a um médico ou até mesmo a um exorcista
e arranco do peito esse toque descompassado
para que eu não mais me toque por ti, egoísta.
Para que nunca mais me troques por ela, enterrado.
já que do meu coração não sou dono?
Arritmado inconstante acelera assim
e faz a noite perder o sono.
Tento resistir, mas ele é independente.
Ó órgão central, por que me bate tanto?
Bombeia sangue, bobeia a vida da gente
De tanto bater, apanho. De tanto apanhar, pranto.
Ainda vou a um médico ou até mesmo a um exorcista
e arranco do peito esse toque descompassado
para que eu não mais me toque por ti, egoísta.
Para que nunca mais me troques por ela, enterrado.
Bateu, levou.
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SE...
14:57 by Bruno Godinho
Te quereria poesia
como dois quartetos sobre a noite
e dois tercetos sob o dia.
Te quereria gritaria!
Decibéis de urros de amor
Indeléveis berros de alegria.
Te quereria magia
alquimista do etéreo esplendor
Fogo, ouro, mistério, feitiçaria.
Te quereria putaria
Profana escrava do calor.
Insaciável dom de sinestesia.
Te quereria, queria
mais perfeita que o pretérito mais que perfeito
na qual se você existisse eu me referiria.
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A PORTA
22:02 by Bruno Godinho
A pena do poeta é sempre uma porta aberta.
Nela tem um mundo ou mais.
O universo infinito ou a órbita de um umbigo.
Nela cabe a loira, a ruiva e a morena.
A alta, a média e a pequena.
Cabe amor platônico, cabe Platão.
Cabe o sonho, cabe o segredo, tudo comporta um soneto.
Descabida é a ideia de que poesia é tudo igual.
Dos Anjos, Camões ou Leminski. Cada um com seu cada qual.
Cada um com uma porta. Cada porta um caminho.
E quando na poesia ler “Trouxeste a chave?”
Continue a leitura, pois na mão do poeta a porta não tem
fechadura.
Tá tudo ali, a uma página de você.
E a uma porta de mim.
“Trouxeste a chave?”
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PARLA
22:00 by Bruno Godinho
Podem falar à vontade
Só não podem faltar com a verdade
E nem falhar na vontade.
O que esbravejam os cães não me interessa.
O que uivam os lobos não tem pressa.
Nem todo o barulho que fazes incomoda.
Uso o silêncio como música, pois uma pausa também é nota.
Tenha dó.
Podem falar a verdade com vontade e à vontade.
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