Como desmotivar uma pessoa em dez passos simples:

10:11 by Bruno Godinho

1 – Suspeite de tudo. A falta de confiança é uma ótima arma para baixar a autoestima.

2 – Não dê crédito. Independente do que a outra pessoa faça de bom sempre reclame das coisas ruins e mostre para todo mundo o pior lado dela.

3 – Não ouça. Escute um desabafo como quem assiste a uma novela mexicana: o olhar e ouvidos fixos, porém com a cabeça em outro lugar.

4 – Não fale. Diga que não foi nada, se negue a compartilhar informações e alimente o sentimento de “guerra fria” da outra pessoa.

5 – Veja tudo. Enxergue tudo que existe e, principalmente, o que não existe.

6 – Brigue sempre que possível. Mas seja organizado e marque um dia para isso. A quinta-feira é uma boa opção para brigas, pois desgasta o fim de semana e acaba com o início da próxima semana.

7 – Não faça planos. Ou melhor, faça muitos planos, mas nunca inclua a outra pessoa neles.

8 – Outros(as). Sempre comente de uma terceira ou quarta pessoa, principalmente quando não são agradáveis.

9 – Repita os passos acima 2 vezes ao dia.

10 – Quando a outra pessoa já se sentir um lixo diga que tudo aconteceu por causa dela.



Parabéns, você acaba de destruir alguém que só queria o seu bem!

Posted in | 1 Comments

Amigo secreto

16:10 by Bruno Godinho

- É minha vez?
- Sim.
- Desculpe, mas não posso brincar.
- Por que? Não trouxeste o presente?
- Claro que trouxe.
- Então qual o problema?
- Não posso entrega-lo
- Esqueceu quem tiraste?
- Não.
- Compraste o presente errado?
- Também não.
- Não sabes brincar de amigo secreto?
- Sei, e é esse o problema. Esse cara não é meu amigo.
- Compraste um presente ruim então?
- De forma alguma. Este é dos melhores.
- E pegaste um presente tão bom pensando em dar a um inimigo?
- Claro.
- E por que não entregas logo o presente e continuamos a brincadeira?
- Desculpe, mas não posso brincar.
- Oras, compraste o presente para que então?
- Para presentear um amigo assumido ou até um inimigo, mas nunca um falso amigo. Nunca um amigo secreto.

Posted in | 0 Comments

UMA QUESTÃO RELEVANTE

07:28 by Bruno Godinho

Se tem uma coisa que aprendi, é que do alto dos meus quase dois metros é impossível ser discreto. Não adianta. Se entro no elevador, olham pra cima. Se estou numa festa, sou o ponto de referência. Se é carnaval, to pra Boneco de Olinda. E, independente de onde ou o que esteja fazendo, sempre perguntam: “você joga basquete?!”. Eita perguntinha chata. Tenho vontade de respoder: “Sim, jogo. Sou publicitário apenas nos fins de semana entre um treino ou outro”.


Adaptei-me com a situação. Se um dia fui grande, hoje sou alto. Se um dia pensava que tamanha dimensão me tornara diferente, hoje isso me diferencia da maioria. É aquela velha história, em terra de cego, quem tem olho é caolho e se dá muito bem com essa deficiência.

Se por um lado chamo a atenção por onde passo e sou visto mesmo quando quero passar despercebido, hoje, me reservo ao direito de sumir, desaparecer. Como? Utilizando o que para uns é o livre arbítrio divino, para outros a incompetência social e que pra mim é o melhor dos direitos: o da irrelevância.

Tá bom que nunca esteve nas tábuas de Moisés o mandamento: “honrarás pai e mãe e serás irrelevante”. Também nunca vi na constituição, em algum artigo, próximo a algum parágrafo, perto de algum inciso, ao lado de alguma palavra em latin, que diga: “toda criança tem o direito à cidadania e à irrelevância”. Esse direito ninguém pode nos dar, por isso é tão difícil conquistá-lo.

Desde os tempos em que nossos ancestrais peludos urravam para se tornar o macho-alfa até contemporaneidade dos colecionadores de “amigos” no Orkut, todos querem se mostrar, ser vistos e lembrados. Afinal, se não se sabe se quem veio primeiro foi o ovo ou a galinha, é indispensável que saibamos pelo menos o nome dessa galinha, não é?! Não.

Num tempo em que todo mundo quer ser famoso, em que as pessoas se inscrevem mais em reality show que à universidade e que as subcelebridades roem os ossos deixados por quem já é referência, remar contra a corrente não é só um ato contrassenso é uma questão de sobrevivência.

Abro mão de ser mundialmente famoso, de sair em capas de revistas e anúncios de carros. Não quero ser Brother de ninguém, Fazendeiro e muito menos Mutante. Também não faço questão de liderar a seita tuiterana e arrebanhar seguidores mundo virtual a fora. Chega. Me reservo ao direito da irrelevância. De falar e não ser ouvido, de escrever para nenhum leitor e de andar na chuva sem a preocupação de levar outros a se molharem. Quero que as referências a minha pessoa sejam só aquelas citadas no início do texto, quando entro no elevador e sou repetidamente acometido por uma indagação ingênua e irritante. E antes que você pergunte, não, não jogo basquete.

Posted in | 2 Comments

O DIA EM QUE MORRI

16:43 by Bruno Godinho

O dia em que morri foi um daqueles para ficar pra sempre na memória. Bom, isso se meu cérebro ainda conseguisse gravar algo. É engraçado, mas quando morto você consegue ver tudo com outros olhos, mesmo que já tenha doado as córneas.

Ah, o dia em que morri. Que dia! Pensei que minha vida seria mostrada como num filme ou Data Show, mas me enganei. Não vi toda minha vida, só as partes em que vivi. Lembrei do pique-esconde na casa da avó; do gol meio que de canela que garantiu a vitória do meu time; lembrei imediatamente do primeiro beijo. Também do último beijo. Ou melhor, de todos os beijos, numa seqüência de dar inveja às comédias românticas de Hollywood. Recordei o dia em que eu e meu pai ganhamos na Canastra e meu irmão teve que pagar uma prenda. E como me esquecer da primeira volta na BMX surrada, da minha primeira vez suada, do primeiro amigo, do primeiro sorriso... era a primeira vez que morria, e senti como se não fosse a última.

É engraçado assistir de camarote ao meu enterro e ver meu chefe, mas não pensar no trabalho. Ver meus pais, mas nem lembrar daquela surra com galho de árvore. De ver meu amor, meus amores, e não perceber que um dia a elas deixei cair uma gota de lágrima das minhas vistas já doadas. Olhei a tudo como quem vê uma estação de ônibus lotada e espera o veículo partir. Olhei, vi, sorri.

Distante da frustração dos que lamentavam minha ausência, me senti aliviado. Eu estava longe também dos problemas que me cercavam, dos dilemas que me perseguiam e daquele grilinho bobo que eu cultivava em minha cabeça, agora em decomposição, mas que não me permitia dormir. Enfim, descansei em paz.

Ah, o dia em que morri. Finalmente percebi que já estava morto há muito tempo e que tem gente caminhando sobre a Terra sem nunca ter vivido.

-------------------------------------------------------------
Esta é uma singela homenagem ao meu primo postiço, Jávier Godinho. Mesmo sem saber, este homem me inspira a tentar escrever tão bem quanto ele, a buscar em mim a religiosidade que nele há de sobra e, principalmente, a viver.


Posted in | 1 Comments

A Falta de Sentido na Vida de um Publicitário

09:03 by Bruno Godinho

Na verdade nunca entendi porque nos cobram maior produtividade se somos remunerados pelo tempo de trabalho, não pelo desempenho. Simplesmente acho isso sem sentido.

Sem sentido como o bel-prazer que tenho em virar uma noite, trabalhar um fim de semana, enfim, suar a camisa para "fazer a coisa acontecer". Não importa a que preço, mas ver um "filho" meu sendo veiculado e atingindo seu objetivo e com isso deixar o anunciante mais satisfeito é sim minha satisfação. Quando me perguntam se estou sendo racional ao agir dessa forma, respondo: Não. O anunciante enriquece e a agência também. Eu continuo (e provavelmente continuarei) pobre. Mas como ser publicitário só das 8h às 18h se meu cérebro não bate ponto?

Desde as conversas despretensiosas ao agito da balada, tudo vira troca de experiência e ganho em relacionamento. Elementos fundamentais para alimentar a criação, planejamento, mídia, produção... se você é publicitário, pode até não perceber, mas também trabalha durante 24 horas.

Sem sentido também é a afirmação de um colega de profissão que diz que a propaganda não é útil. Até concordo que ela pode não ser a criação mais nobre do homem, mas está longe de ser inútil já que elege candidatos, dita costumes, influencia decisões e, dessa forma, se torna a mola propulsora do capitalismo. Se isto é positivo ou não já é tema para outra discussão porque, baseado no comentário do colega, esta já perdeu o sentido.

BRUNO GODINHO
Publicitário
www.twitter.com/tibrao
brunoagodinho@gmail.com

Posted in | 0 Comments

A crise dos 140

23:10 by Bruno Godinho

Lembro do tempo em que o já defasado sistema público de ensino me ludibriava com uma simples questão: “Como foram suas férias?”.

Em todo início de semestre passávamos longas tardes fazendo redação sobre o recesso escolar. Parecia um ritual sagrado da escola estadual.

Matemática? Ciências? Inércia total. Tudo para que as aventuras da pirralhada fossem para o papel. Um papelão.

A educação era assim, a professora ganhava tempo enquanto gastava o nosso. Ah, como a tarde passava devagar. Quantas tardes perdidas.

Seja por má vontade ou mesmo incapacidade, meus professores insistiram nas redações e esqueceram o resto. Afinal, quem precisa saber somar?

Sei que hoje, só jogo Banco Imobiliário com uma calculadora ao lado. E se me perguntarem a capital de Espírito Santo, logo respondo: Amém.

Mesmo caquéticas, as aulas me fizeram tomar gosto de ler, de escrever e de criar. Tudo que não era bem visto no reino do decoreba.

Meu limite eram as margens, nunca as linhas. É nostálgico ter livre uma tarde inteira e a quantidade de letras que minha BIC quisesse.

Entre umas férias e outras, o relógio acelerou, a caneta perdeu a tinta e o papel, o uso. Tudo mudou. E mudou pra sempre.

Esqueçam os parágrafos, as orações,os períodos e até mesmo os verbos. Nada disso cabe nos famigerados 140 caracteres do modismo da internet.

Será?

Embora limitado, o Twitter tem espaço de sobra para o mais importante: a boa idéia. É ela que dita a pertinência da mensagem.

Quando o conteúdo é apropriado, vale a máxima de que pra bom entendedor, um pingo é letra.

Vocês podem até não ter percebido, mas esse texto foi escrito em “blocos” de até 140 caracteres.

Cada “bloco” possui uma informação. Uma mensagem que tem sentido se lida neste contexto ou não. Muitas já foram até tuitadas.

Quem concorda com Saramago ao afirmar que “o Twitter é a antecâmara do grunhido”, peço que repense.

A força da comunicação não está na forma de dizer e sim no que é dito. Se não, ainda estaríamos usando sonetos.

Não sei por que o Twitter virou moda. Tampouco por que se tem tanto receio de suas mensagens curtas.

O fato é que quem está verdadeiramente em crise é a criatividade humana, não o tamanho da criação.

Note que até hoje as crianças tem que responder “Como foram suas férias?”, só trocaram a caneta por pouco mais de uma centena de caracteres.

@tibrao

Posted in | 1 Comments

DIFERENTE

18:55 by Bruno Godinho

A diferença entre o velho mocassim e as novas pantufas é o calo.

Entre a bicicleta enferrujada e o carro do ano, a câimbra.

Entre o honesto e enfadonho ou o fácil, rápido e rasteiro é o caminho.




Mesmo caleijado, castigado pela câimbra e sujeito à escolha do pior caminho, ainda sim consigo andar.

O mesmo não se pode dizer daqueles que não tem pés ou os tem, mas não gozam de ânimo, força de vontade ou dedicação para usa-los. Pessoas nas quais a diferença entre todas estas coisas não faz a menor diferença.

Posted in | 0 Comments

ESTÁTUA HUMANA

04:31 by Bruno Godinho

Parado em uma esquina qualquer sigo prateado a espera de um trocado ou ao menos um sorriso.
Há quem me veja arte, há quem me vê vagabundo, mas a maioria nem me vê. Minha vida é assim mesmo: solitária e silenciosa.

Vez ou outra uma pomba me esquenta confundindo-me com um sábio grego, austero romano ou influente político que, eternizados pelo tempo, movimentam nossa imaginação. Afinal, quem está petrificado: nós ou eles?

Parado em pé vejo tudo que não podia enxergar antes. O lado bom e ruim das coisas, o lado esquerdo e também o direito. O lado de dentro, mas principalmente o de fora. Acompanho tudo com o desejo de mudar o mundo, mas imóvel sou incapaz de mudar a mim mesmo. Impotente.

Este sou eu, assim como você, uma estátua humana. Um manequim não tão vivo em busca de um pouco de dinheiro ou ao menos um pouco de carinho.

Posted in | 0 Comments

MUDANÇA

06:47 by Bruno Godinho

MUDANÇA

Pra sempre eu mudei.
Comecei aos poucos, trocando as bermudas pelas calças,
As camisas por terno e gravata.
Mudei.

Pra sempre eu mudei.
Troquei as risadas pelas assinaturas. Tirei o sorriso, joguei fora a gargalhada.
Mudei.

Um dia mudei.
Larguei os velhos amigos, aqueles que me faziam mal e até os que faziam bem. Troquei tudo por um monte de clientes, bastante contatos.
Mudei.

Certo dia talvez eu tenha mudado.
Pode ser que tenha trocado um amor por vários. Pode ser que tenha sido trocado também.
Acho que mudei.

Quem sabe um dia eu mudo!
Ah, um dia deixo tudo pra trás e mudo tudo. Troco as roupas, as atitudes, os amigos, os amores...
Mudarei.

Será que um dia eu mudo?
Deixarei minha risada? Meus amigos? Meu amor? O que vou fazer com as velhas roupas?
Mudarei?


Pra sempre eu não mudei.
Mesmo podendo ter mudado tudo: roupas, costumes, companheiros e companhia, tudo, tudo e tudo... continuo o mesmo. Posso mudar tudo, mas nunca deixei que isso me mude.
E não mudarei.

(BRUNO GODINHO)

Posted in | 0 Comments

2º PODRECAST - Assédio na internet

15:34 by Bruno Godinho

Está no ar o 2º Podrecast, seu resumo semanal de desinformação que acontece de 15 em 15 dias a cada semestre de todo ano bi-sexto.

Desta vez o Podrecast está muito mais curto, muito mais cômico, enfim... muito mais inútil. Divirta-se

Tibrão (Bruno), Marciano (Paulo) e Porco (Torre) comentam sobre assédio na internet, fotos sensuais e os riscos das redes sociais para os "pegadores".


Dá o Play, Macaco!






Ou se preferir, faça o download

Posted in | 1 Comments

PODRECAST - resumo semanal de desinformação

17:23 by Bruno Godinho

Você sabe o que é um frango corporativo?
Já ouviu o axé da Queda do Avião?
Já imaginou o Obama no Araguaia?

Isso tudo você ouve no PODRECAST. Tibrão, Marciano e Porco comentam política, economia, games e muito mais de uma forma que você nunca viu. Nem ouviu.



Ouça agora!

Se preferir, faça o download

Posted in | 1 Comments

Prato do dia

11:32 by Bruno Godinho

Muito se fala sobre cultura. Ela é a identidade de um povo, a característica de uma época e, mais que isso, um item marcante no processo evolutivo de uma civilização. Mas, nem sempre podemos nos vangloriar disso.

Seja desde o gênese (para as culturas baseadas na religiosidade) ou desde a evolução de macaco para sapiens (para as culturas com forte tendência científica), buscamos defender o que temos de mais forte: um ideal. Ele nos domina. Dita como comeremos, dormiremos e nos relacionaremos. Esse ideal criado a partir do nosso inconsciente coletivo acrescido dos efeitos do ambiente (fenótipo) compõe um tijolo da enorme construção que é uma cultura. Essa por sua vez influencia nosso pensamento, modifica o ambiente e, portanto, é responsável pela variação de nossos ideais, gerando um círculo infinito. Uma cobra se alimentando do próprio “rabo”. E assim a cultura evolui e evoluímos com ela. Bom, pelo menos é assim que deveria ser.

Uma modificação cultural não se dá somente pela evolução natural dela, na maioria das vezes ela ocorre de forma mais rápida, brusca e agressiva. Não é de hoje que o choque de culturas diferentes e divergentes resulta na dominação de uma em detrimento da outra. Assim foram maias, astecas, egípcios, índios, gregos e troianos. Toda vez que uma civilização se erguia, outras tantas em seu caminho sucumbiam e com elas grande parte de seu acervo cultural. É a cobra se alimentando do próprio rabo enquanto uma águia a devora sem que ela sequer perceba.

Com base nisso não é difícil deduzir que o brasileiro nada mais é que a pasta italiana acompanhada da salada espanhola servidos com um bom Vinho do Porto, enquanto um doce de cupuaçu é apreciado como sobremesa. O que quase não se percebe é que nesse momento, com a mesa posta, nossa cultura está sendo novamente devorada.

Aos poucos, somos influenciados pela mídia que cria a pseudo-necessidade de consumo de itens que não precisamos a um preço que somos incapazes de pagar. Entra a imposição do hambúrguer americano, do sushi japoca, do Outback australiano e, principalmente, o estilo de vida de povos com histórico totalmente diferente do nosso.

Com a globalização e a instantaneidade das informações é impossível que a cobra da metáfora anterior deguste de si própria para evoluir. Ela é aos poucos devorada, ao mesmo passo que devora outros enquanto também come a si própria.

Estamos chegando ao ponto em que as culturas se digerirão de tal maneira que haverá um padrão comportamental, artístico e sócio-político em todo o mundo. Um só pensamento. Uma só voz.

Quando esse dia chegar, enfim teremos a evolução de uma cultura mundial. Todos de mãos dadas crescendo juntos.

Você pode até não estar mais na cozinha quando esse prato for servido, mas com certeza, as gerações vindouras comerão os frutos da semente plantada hoje. Para você, leitor, deixo apenas a sugestão do dia: tentar fazer o que há de melhor em seus ideais, para que estes influenciem o meio em que vive, de modo a contribuir para um padrão cultural mais justo e humanitário. E para os que se alimentarão de nossa cultura fica aqui apenas o meu “Bon apetit”.

Posted in | 0 Comments