Água no Feijão

07:24 by Bruno Godinho


Bota água no feijão que eu to chegando.
Chego com a fome de vinte e dois leões
Devoraria um boi inteiro
ou pelo menos um bom bife à cavalo.

Bota água no feijão que não venho sozinho.
Tá comigo a turma toda
Chegando com a fome de vinte e dois leões cada um
E seus convidados só vão aumentar.

Bota água no feijão que nem só de carne vive o homem!
Põe tempero, põe pimenta
Estou chegando e você sabe que eu chego junto.
Então, engrossa o caldo.

Bota água no feijão!
Come tudo! O alimento é para você, não para mim.
Porque quando eu chegar travestido da ansiedade faminta pela frustração,
 acompanhada da tristeza, decepção e depressão
Você precisa ser forte.
Haja feijão!

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Amar além do mar

16:12 by Bruno Godinho


A lei da vida é amar além da vida.

A lei de amar é viver além do mar.

No vai e vem da maré 

vale bem ser quem é:

comandante ou marujo, 

caranguejo ou caramujo. 

Navegar, surfar e na alta ou na baixa 

nunca deixar de nadar.  




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05:55 by Bruno Godinho


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Dia das Bruxas

05:48 by Bruno Godinho


Estive fora das pistas, das listras da zebra.
Onde me perdia entre unicórnios, imbróglios, ilusões.

De fato fiquei mais chato, exato, sensato
vendo e vivendo um mundo mais nítido, fatídico e lícito.

Parei de caçar dragões e lutar contra moinhos de vento
Larguei o tridente, abandonei os duendes...

Cultivei o pasto, fui atrás da vaca leiteira
e de leite enchi a geladeira.

Fiz mais travessias e menos travessuras.
Acumulei guloseimas, abdiquei gostosuras.

Duzentas luas se passaram até que um lunático por mim passou
fantasiado de morto-vivo dando “viva” aos mortos.

Ofereceu-me a fantasia, disse que era só brincadeira
“Segue sua vida, defunto!” – eu brinquei e segui a minha.

A bruxa está solta só que não solta a vassoura.

Uma dia é da bruxa, maga, feiticeira.
Outro é da bucha, vassoura e esfregão.
Num dia o ácido corrói a carne inteira
Noutro o sangue corre na carne em vão.

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VAMOS?

19:33 by Bruno Godinho

Vamos fazer o chão virar o céu só pra poder caminhar nas nuvens.
Misturar o calor da hora com o frio da barriga.
Ver a imaginação se fundir a realidade só pra realidade não passar de um sonho.
Um sonho pra se viver.
Uma vida pra se sonhar.
Vamos fazer. Vamos ser.
Vamos juntos.

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A dose

19:27 by Bruno Godinho


Desceu queimando o peito e quase voltando. Era assim que sentia toda vez que engolia esse troço amargo, viscoso como o pus, que aparenta ser suco biliar e que cheira a fluído de freio batido com enxofre. Ô coisa repunante e repugnante!

Mais um gole e mais uma cara feia era feita, quase sempre seguida de um urro de desespero. Não há em todo o mundo aguardente mais forte e nem caninha mais bruta. Mesmo assim, lutando contra seu estômago o cliente batia no balcão e insistia ao amigo garçom mais um trago. O velho barman passara a vida servindo isso. Conhecia todos os tipos de reação da clientela: tinham os que perdiam a cabeça e partiam para a briga; os que se sentiam fortes, ricos e queriam dominar o mundo; e a maioria, os que assim como este, incontrolavelmente choravam. E não eram lágrimas comuns. Muito pelo contrário. Era o soro da vida pingando das pálpebras como se fosse o próprio sangue expulso do coração. Não por emoção, mas por desesperança.

A gota que escapava à córnea escorria pela maçã trêmula do rosto e corria por toda a face amargurada adentrando até pelo nariz. Às vezes, a respiração ofegante era interrompida pela apneia do choro cortando toda a inspiração. Sorte do cliente, pois diante de tanta dor se afogar na própria lágrima até que não seria má ideia nesse momento.

Ainda fraco e com o estômago em chamas, levantou a cabeça e pediu a garrafa toda. O garçom negou afirmando que nem o mais valente dos homens e nem a mais vigorosa das mulheres conseguiria virar todo o conteúdo de uma só vez. “Por isso existe o dosador” - Explicou.

Desesperado, o cliente partiu para a súplica: “Por favor, sirva-me então mais uma dose agora! Preciso de uma vez engolir todo o meu orgulho”.

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01:01

21:11 by Bruno Godinho


01:01

Uma e um. Não é hora de fazer hora. Ou vá ver a vida ou a vida vá viver. Oras, que hora melhor que zero um, zero um para mostrar que ou não existe ou insiste, que ou ninguém ou tem, que ou “ah” ou que há.
Vixe, uma e dois. E eu aqui orando para não perder a hora...

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