B.O.C.A.

14:56 by Bruno Godinho

Sua boca me dá água na boca.
Uma vontade que não é pouca
da sua boca beijar.

Como água de bica que corre pro rio
desce montanha e nem que seja com um fio
vai ao encontro do mar.

Sinto nos seus lábios divinos, fartos
o gosto agridoce e o aconchego exato
para nos meus repousar.

O mesmo que o voo da pluma macia
bailando ao vento do céu de baunilha
partindo deste para outro lugar.

Por um minuto flutuo, fico suspenso,
trêmulo nas pernas, coração tenso.
Cresço em ti, levito no ar.

Falo seu idioma, domino sua língua,
esqueço da chaga, some  a íngua,
domo seu corpo. Venha ao meu domar.

Da sua saliva inundo a vida,
entrego a alma um dia vendida
e dou-lhe agora para presentear.

Pois seus lábios me levam ao paraíso
tornando impreciso o que preciso
para te ver no altar.

É tamanho o desejo que revela um bocejo
que não passa de sonho o que pensei ser um beijo
a água na boca que sua boca ainda vai me dar.

No brilho dos seus dentes reflete o cupido
que evidentemente flechou este bandido
e platonicamente o ensinou o que é amar.



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Orgulho

14:32 by Bruno Godinho

Poderia ser avareza, luxúria, ira, gula, inveja ou preguiça. Até caberia ser sobre vaidade ou soberba. Dava pra ser sobre qualquer assunto, mas este texto é sobre o orgulho. Não o orgulho rabugento que nos impede de perdoar, que nos deixa tão ensimesmados que ficamos cegos e tolos. Nada disso. Me refiro ao bairrismo. Ao que sinto em ser goiano. E isso me dá muito orgulho!

É ter o pé rachado sem ter bicho de pé. É roer o pequi sem temer os espinhos. É dançar catira em cima das adversidades. É ser jóia sem ser Jeca. Ser goiano é viver em grandes cidades preservando as características do interior. Onde todos se conhecem e com um “bom dia” já se inicia uma nova amizade. Aqui, até doutores às vezes soltam um “bão tamém”. Não por desconhecimento à língua, muito pelo contrário, mas para preservar um costume. Assim como puxar o “R” é algo tão rotineiro quanto ouvir música sertaneja. Duas coisas que mesmo que você tente evitar, acaba fazendo sem nem perceber. E por falar em rotina, hoje é dia de boteco do mesmo jeito que foi ontem e que será amanhã.

É claro que meu Estado também tem seus defeitos. Ôh, se tem! Mas deixa isso pra lá que o frango ao molho já está servido e daqui a pouco tem pamonha. Não tem mar, mas o Araguaia é logo ali. Se tiver com frio, vá pra Caldas. Se fizer calor, vá pra Piri.

Já vivi o Brasil inteiro e o estrangeiro também. Vi belezas raras, coisas novas, pessoas diferentes. Mas em nenhum canto fui tão bem recebido quanto os visitantes são em Goiás. Em lugar algum vi tantas mulheres bonitas. E constatei que só aqui pode-se fazer tanto gastando tão pouco.


É feriado, minha mala tá pronta, mas eu sempre retorno. Não tenho opção. Meu espirito é cigano, mas o coração é goiano.

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Buraco Negro

13:19 by Bruno Godinho

O que me dói não é a bala que fura o peito e atinge as entranhas.
É o buraco da bala que furou o peito e atingiu as entranhas.
Não pelas entranhas atingidas pela bala que furou o peito.
E tampouco pelo peito furado pela bala que atingiu as entranhas.
O que dói é o buraco.
O vazio.
O oco.
Esse vácuo no peito.
A cicatriz que não fecha.
O espaço que não diminui.
A dor que não cessa.
Aí, bala, peito, entranhas... nada mais importa.
Só restou o buraco.
Só restou o nada.

Como dói. 

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VER dade

09:18 by Bruno Godinho


O que você vê de olhos fechados
quando a razão sai de cena
e sua imaginação fica plena?

O que você vê no escuro do seu eu:
o sonho perdido ou o combate vencido?
Vê o que gostaria de enxergar ou já cegou os olhos da alma?

O que você vê pra dentro?
Lá no cantinho, atrás da espinha
escondido na escuridão dos seus segredos, o que você vê?

Abra os olhos e admire a vida.
Agora que você já viu quem é
talvez consiga olhar o próximo.

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Minas Gerais

04:10 by Bruno Godinho


Bão bissurdo é Berlândia, Beraba e a Boa Araguari. Bicho, a bóia é uma barbaridade. Belisquei broa, biscoito, bolo, baba-de-moça e até bacon bebido na banha.

O batuque do bumbo e do baixo balançam as baladas onde beldades bonitas como bailarinas ou BBBs bombam em bares e boates.

Bem bacana é Bêagá com seu background bárbaro e a barroca Ouro Preto. Bizarro seria se os bandeirantes não botassem os braços por estas bandas onde até barqueiros espaciais já fizeram barulho e badalaram Varginha.

Um beijo pra quem é de beijo, Bye bye Minas Gerais. Com o “B” de boa sorte, beleza e do meu nome, já que a letra “A” de amor está reservada pro meu Goiás.

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