A Falta de Sentido na Vida de um Publicitário

09:03 by Bruno Godinho

Na verdade nunca entendi porque nos cobram maior produtividade se somos remunerados pelo tempo de trabalho, não pelo desempenho. Simplesmente acho isso sem sentido.

Sem sentido como o bel-prazer que tenho em virar uma noite, trabalhar um fim de semana, enfim, suar a camisa para "fazer a coisa acontecer". Não importa a que preço, mas ver um "filho" meu sendo veiculado e atingindo seu objetivo e com isso deixar o anunciante mais satisfeito é sim minha satisfação. Quando me perguntam se estou sendo racional ao agir dessa forma, respondo: Não. O anunciante enriquece e a agência também. Eu continuo (e provavelmente continuarei) pobre. Mas como ser publicitário só das 8h às 18h se meu cérebro não bate ponto?

Desde as conversas despretensiosas ao agito da balada, tudo vira troca de experiência e ganho em relacionamento. Elementos fundamentais para alimentar a criação, planejamento, mídia, produção... se você é publicitário, pode até não perceber, mas também trabalha durante 24 horas.

Sem sentido também é a afirmação de um colega de profissão que diz que a propaganda não é útil. Até concordo que ela pode não ser a criação mais nobre do homem, mas está longe de ser inútil já que elege candidatos, dita costumes, influencia decisões e, dessa forma, se torna a mola propulsora do capitalismo. Se isto é positivo ou não já é tema para outra discussão porque, baseado no comentário do colega, esta já perdeu o sentido.

BRUNO GODINHO
Publicitário
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A crise dos 140

23:10 by Bruno Godinho

Lembro do tempo em que o já defasado sistema público de ensino me ludibriava com uma simples questão: “Como foram suas férias?”.

Em todo início de semestre passávamos longas tardes fazendo redação sobre o recesso escolar. Parecia um ritual sagrado da escola estadual.

Matemática? Ciências? Inércia total. Tudo para que as aventuras da pirralhada fossem para o papel. Um papelão.

A educação era assim, a professora ganhava tempo enquanto gastava o nosso. Ah, como a tarde passava devagar. Quantas tardes perdidas.

Seja por má vontade ou mesmo incapacidade, meus professores insistiram nas redações e esqueceram o resto. Afinal, quem precisa saber somar?

Sei que hoje, só jogo Banco Imobiliário com uma calculadora ao lado. E se me perguntarem a capital de Espírito Santo, logo respondo: Amém.

Mesmo caquéticas, as aulas me fizeram tomar gosto de ler, de escrever e de criar. Tudo que não era bem visto no reino do decoreba.

Meu limite eram as margens, nunca as linhas. É nostálgico ter livre uma tarde inteira e a quantidade de letras que minha BIC quisesse.

Entre umas férias e outras, o relógio acelerou, a caneta perdeu a tinta e o papel, o uso. Tudo mudou. E mudou pra sempre.

Esqueçam os parágrafos, as orações,os períodos e até mesmo os verbos. Nada disso cabe nos famigerados 140 caracteres do modismo da internet.

Será?

Embora limitado, o Twitter tem espaço de sobra para o mais importante: a boa idéia. É ela que dita a pertinência da mensagem.

Quando o conteúdo é apropriado, vale a máxima de que pra bom entendedor, um pingo é letra.

Vocês podem até não ter percebido, mas esse texto foi escrito em “blocos” de até 140 caracteres.

Cada “bloco” possui uma informação. Uma mensagem que tem sentido se lida neste contexto ou não. Muitas já foram até tuitadas.

Quem concorda com Saramago ao afirmar que “o Twitter é a antecâmara do grunhido”, peço que repense.

A força da comunicação não está na forma de dizer e sim no que é dito. Se não, ainda estaríamos usando sonetos.

Não sei por que o Twitter virou moda. Tampouco por que se tem tanto receio de suas mensagens curtas.

O fato é que quem está verdadeiramente em crise é a criatividade humana, não o tamanho da criação.

Note que até hoje as crianças tem que responder “Como foram suas férias?”, só trocaram a caneta por pouco mais de uma centena de caracteres.

@tibrao

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DIFERENTE

18:55 by Bruno Godinho

A diferença entre o velho mocassim e as novas pantufas é o calo.

Entre a bicicleta enferrujada e o carro do ano, a câimbra.

Entre o honesto e enfadonho ou o fácil, rápido e rasteiro é o caminho.




Mesmo caleijado, castigado pela câimbra e sujeito à escolha do pior caminho, ainda sim consigo andar.

O mesmo não se pode dizer daqueles que não tem pés ou os tem, mas não gozam de ânimo, força de vontade ou dedicação para usa-los. Pessoas nas quais a diferença entre todas estas coisas não faz a menor diferença.

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