Frederico sempre foi um cara pacato, tranqüilo. Nunca ofendeu ninguém, nunca magoou ninguém. Um dia se apaixonou por Bianca, uma loira linda, com curvas salientes e pose de princesa. Pra ele foi paixão à primeira vista. Pra ela, a prazo. Em trinta, sessenta e noventa.
Enquanto o rapaz galanteava a moça com mimos e presentes, ela pouco queria saber dele. Era “só mais um” , dizia Bianca.
Aos poucos a insistência de Fred foi se intensificando. A paixão platônica se transformou em declaração de amor. A declaração, em vício. Vício ?! Sim, e quem disse que o amor não vicia?
Diante de tanto amor não correspondido, Fred encorpou os mimos e incrementou os presentes. As flores se tornaram jóias. As cartas viraram cartões de crédito. A carona, carro.
Dia após dia, ela foi olhando com outros olhos para moço. E o promoveu de um qualquer a um príncipe.
E como em toda história de príncipe e princesa eles se beijaram, namoraram, casaram, tiveram filhos e viveram felizes para sempre. Bem, felizes pelo menos enquanto estavam acordados, pois ao colocar a cabeça no travesseiro, Fred não parava de se questionar se Bianca estaria com ele apenas pelo dinheiro. E ao deitar, Bianca chorava escondida se perguntando se apaixonara pelo homem ou pelo que ele proporcionava.
E foi assim, noite após noite até que a morte separou em carne o que já estava afastado em alma. Fred e Bianca se foram, mas seus bens ainda estão por ai fazendo muitos outros casais felizes. Pelo menos durante o dia.
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