Criança é um ser engraçado. Sincera como nenhum adulto jamais será, curiosa como mulher alguma chegará a ser e mais corajosa como qualquer brutucu do cinema um dia pensou em interpretar. Um bebê vai ao encontro de um pitbul como quem procura um brinquedo de pelúcia e se arrisca a escalar locais altos e inóspitos como se estivesse apenas subindo o meio fio. Se nascemos tão corajosos, de onde vem o medo?
Medo de abrir o coração, de não se mostrar forte, de mostrar que temos medo, de confessar que ficar sozinho não é bom, de ser julgado, de ser condenado. Medo de parecer idiota quando contamos o que está fazendo ficar tão pensativos, de contar praquele alguém o quanto faz falta, medo de ser intenso, de ser extenso¹. Receio de ser bobo, de acreditar em finais felizes, de se convencer que a balada resolve e de tentar crer que um aperto de mãos no cinema não fazer falta. Medo. Me dói.
A partir desse Dia das Crianças, convido você, leitor (oi mãe), a retornar à infância e recuperar a coragem perdida. Aquela que guardamos lá no fundo e que não usamos há tempos.
Hoje dirijo minha vida a mil por hora e sigo sem medo de esperar por alguém, sem medo de saber que quando alguém ler isso irá dizer “as coisas não são bem assim”, sem medo de me entregar, sem medo da normalidade, sem medo de acreditar em finais felizes, sem medo de parecer idiota quando as palavras saltam da boca, enfim, sem medo de ser feliz, sem medo de viver.
É assim que piloto minha vida. Sem nenhum medo, me dou. Você tem coragem suficiente para me acompanhar?
1 - Em alguns casos "extenso" pode significar "alto"