Dia das Bruxas

05:48 by Bruno Godinho


Estive fora das pistas, das listras da zebra.
Onde me perdia entre unicórnios, imbróglios, ilusões.

De fato fiquei mais chato, exato, sensato
vendo e vivendo um mundo mais nítido, fatídico e lícito.

Parei de caçar dragões e lutar contra moinhos de vento
Larguei o tridente, abandonei os duendes...

Cultivei o pasto, fui atrás da vaca leiteira
e de leite enchi a geladeira.

Fiz mais travessias e menos travessuras.
Acumulei guloseimas, abdiquei gostosuras.

Duzentas luas se passaram até que um lunático por mim passou
fantasiado de morto-vivo dando “viva” aos mortos.

Ofereceu-me a fantasia, disse que era só brincadeira
“Segue sua vida, defunto!” – eu brinquei e segui a minha.

A bruxa está solta só que não solta a vassoura.

Uma dia é da bruxa, maga, feiticeira.
Outro é da bucha, vassoura e esfregão.
Num dia o ácido corrói a carne inteira
Noutro o sangue corre na carne em vão.

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